domingo, 17 de janeiro de 2010

Linda aos 50

A atriz de Caminho das Índias fala sobre seu casamento de 18 anos, do fato de não ter sido mãe e da forma como encara os efeitos do tempo



A atriz Totia Meirelles não faz romance com a chegada dos 50 anos. Ela é categórica: ''A idade pesa''. Mas é difícil de perceber esse efeito na intérprete da psicóloga Aída, personagem da novela Caminho das Índias (Globo). Em um passeio pelo pacato bairro da Urca, no Rio de Janeiro, onde passou toda a infância, ela fala sobre envelhecer, sobre o casamento de 18 anos com o médico Jaime Rabacov, 54, que há 16 mora em uma cidade diferente da dela, e sobre o fato de não ter tido filhos. ''Sempre quis ter filhos e ficava adiando por causa da carreira. Aos 38, quis engravidar e não consegui. Fiz tratamentos e nada deu certo. Resolvi desistir por opção'', revela uma bem-resolvida Totia. Confira a entrevista.

A loucura é normal

''Antes das gravações da novela, tive palestras com psiquiatras, visitei hospitais e conversei com várias mães que têm filhos esquizofrênicos. É um mundo doloroso e diferente, sofrido, instigante. Temos preconceito mesmo, achamos que todos são perigosos e não é bem assim. Confesso que fiquei triste em ver tudo aquilo. A primeira vez que entrei em um hospício, eles vieram falar comigo e o primeiro impacto foi: como falo com eles? Fiquei com o pé atrás e apreensiva. Depois a gente vai conhecendo... Vou levar esse papel para a vida. A minha visão em relação às pessoas mudou totalmente. De repente, você se encaixa dentro da loucura. Há horas em que me pergunto: 'Será que estou ficando louca?'. Todos nós somos um pouco loucos. Nada é anormal. Comecei a fazer até análise com a novela. Preciso de um suporte.''

Infância na Urca

''Vim aos 5 anos para a Praia Vermelha, passei a infância inteira no bairro. Estudava no Gabriela Mistral, fazia balé no Círculo Militar e passeava pela pracinha. Papai (José Meirelles, 86) me colocava no ombro e andávamos pela Urca, ele me ensinou a nadar. São tantas lembranças... O primeiro namorado rolou aqui, a primeira paixão, os primeiros bailes...Tenho amigos daqui até hoje, nos reunimos uma vez por ano.''

A crise dos 50

''Estava louca para fazer 50 anos e quando fiz não gostei (risos). Caí na real, a idade pesa. Você começa a perceber tudo o que é diferente em você: emagrecer é difícil, a pele começa a ficar diferente, a ruga aparece mais rápido. É chato envelhecer, tenho meio século... Existe a beleza madura, tenho de colocar isso na minha cabeça. Eu me cuido para ter vida longa. Comecei a tratar minha pele aos 40. Hoje passo tudo. É um creme para o corpo, outro para o rosto, pescoço, mãos... Lavo com sabonete especial, ácido e hidrato com creme diário. É igual a escovar os dentes, você se acostuma. Também pinto o cabelo de 20 em 20 dias. Praticamente vivo no salão.''



Casamento moderno

''Sou casada há 18 anos com Jaime Rabacov (54) e moramos em cidades diferentes. Ele vive em um sítio em Miguel Pereira (RJ). Até chegamos a dividir um apartamento nos dois primeiros anos, mas o sonho dele era morar lá. Eu não o impedi, acho que a distância ajuda porque não tem o desgaste do dia a dia. Você se adapta. Nós nos vemos todos os fins de semana, mas não temos uma obrigação, uma regra. Não considero isso desamor. Se durante a semana não tenho gravação, eu viajo para vê-lo. É muito bom chegar em casa e ter uma cama só para você, essa individualidade é boa, mas, às vezes, sinto falta de conversar. Não penso em me mudar para Miguel Pereira, sou uma pessoa urbana. Quatro dias lá e já fico histérica. Acredito que o amor passa por fases. Há épocas em que a gente fica loucamente apaixonada e há outras em que apenas gosta. Minha perna não treme quando olho para o Jaime, a dele também não. Mas temos muita saudade e grande admiração um pelo outro. Todo casamento passa por crises, o meu não teve.''


Avó por tabela


''Não era para ser (sobre ser mãe). Para a mulher é difícil escolher não ter filhos, porque somos muito cobradas. Não me arrependo. Hoje, dou graças a Deus, o mundo está louco. O mais difícil é educar um ser humano. Sou a 'boadastra' da Olivia, 31 (filha do Jaime). Ela teve nenê (Santiago) há 7 meses. Eu me considero avó. É muito bom, você brinca e depois vai embora (risos). O primeiro dia em que fiquei com ele sozinha, levei duas horas para trocar a fralda e depois mais duas para trocar a roupa, não conseguia encaixar nada. Não tenho o menor jeito.''

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